sexta-feira, 6 de março de 2020



O GATO
(Baudelaire)
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Vem, belo gato, aqui ao meu regaço,
Recolhe as tuas garras devagar,
E nos teus belos olhos verde e aço, ...

Deixa-me aos poucos mergulhar.
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Quando meus dedos cobrem de carícias
Tua cabeça e o teu dócil torso,
E a minha mão se embriaga nas delícias
De afagar o teu sedoso dorso,
.
Vejo-a em sonhos e o seu olhar profundo,
Tal como o teu, amável felino,
Qual dardo dilacera e fere fundo.
.
E desde os pés à cabeça,
Um perfume fatal, um ar sereno,
Enroscam-se à volta daquele corpo moreno.

 

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